- Eu estava ansiosa para vir aqui, mas me deu um branco! – disse Martina*.

     - Não tem importância que tenha esquecido. Fale de você – sugeri.

     - Sabe, doutor. Estou com os nervos à flor da pele, aliás sempre fui ansiosa. Qualquer coisa me preocupa. Não paro de pensar no que vou fazer... Já estou cansada! Pior que não consigo nem dormir pra me recuperar e começar bem o dia.

     Notei que, enquanto falava, Martina estava trêmula e um pouco ofegante.

     - O que a preocupa mais, Martina?

     - Se sou chamada pelo professor, meu coração dispara. Sei de antemão que isto vai acontecer pois sempre aconteceu, desde pequena. Perco noite de sono, antes das provas, pensando que vou me dar mal... Fico toda atrapalhada quando tento namorar... Faltam-me as palavras, fico trêmula...

     - E quando estas coisas acontecem, como se sente depois?

     - Fracassada!

     Ela começou a chorar. Depois de se desabafar, voltou a falar, um pouco mais calma.

     - É doutor, a vida pra mim não está nada fácil... Sempre esperando que vou me dar mal, o que acaba por acontecer... E não dá pra deixar de viver... Tenho que estudar, trabalhar, ajudar a família... Esta ansiedade me consome...

     Suspirou.

     - O senhor é a minha última esperança...

     Há pessoas que estão sempre ansiosas, em expectativa pessimista em relação ao futuro, ao amanhã. As tarefas corriqueiras, as atividades sociais tornam-se fardos pesados. Quando não é possível se esquivar de uma atividade social, a ansiedade intensa manifesta-se também no corpo pelos tremores, necessidade frequente de urinar, diarreia, boca seca, arrepios.

     É comum que pessoas ansiosas se isolem para aquietar o mal que as aflige, o que pode trazer outras complicações como a diminuição da autoestima, e até mesmo um quadro depressivo pode se instalar.

     O tratamento é farmacológico, sendo a psicoterapia um complemento importante por ampliar os horizontes do paciente, à medida que descobre as origens ocultas de sua ansiedade mórbida.

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*Nome fictício