Osasco / SP - sábado, 20 de abril de 2024

Síndrome do pânico

            

     Ele entrou arquejante e sentou-se à minha frente.

      - O que o incomoda, Tim*? – perguntei.          

     - Há dois meses, eu passeava tranquilamente na praia com minha mulher, quando fui surpreendido por um medo terrível... O meu coração disparou, senti um nó na garganta e tudo girou... Fui ao chão... Veio dor no peito e falta de ar... Foi horrível! Pensei que ia morrer...

     - O que aconteceu a seguir?

     - Gine*, minha esposa, ficou desesperada e começou a me abanar e a me chamar, atraindo uma roda de curiosos. Ela me chamou muitas vezes, mas eu não conseguia responder... A voz dela parecia vir de longe... Eu fiquei muito perturbado, confuso... Eu  suava muito e as minhas mãos ficaram geladas...

     - Você foi levado a algum hospital?

     - Não foi preciso... Aos poucos eu fui voltando ao meu normal. Depois de uns trinta minutos eu me levantei e, amparado pela Gine, saí andando devagar... Quando chegamos ao hotel, eu já estava completamente recuperado.

     - Daí pra frente, você voltou a ter o mesmo problema?

     - Muitas vezes, Doutor. Fui apanhado de medo indescritível no ônibus, em uma festa, em outros passeios... Ao voltar das férias, tive um ataque tão pavoroso no meu trabalho que assustou os meus colegas. Depois disto, tive que me afastar. Só de pensar em ir trabalhar, tenho a sensação de que vou ter o pânico.  Tenho evitado viajar de ônibus, de trem, de avião... Fujo de elevadores... Tenho medo de lugares fechados, abertos e também de onde tem muita gente... Agora eu não consigo mais sair sozinho de medo de ser acometido por esse mal cruel... Quando a Gine está comigo, sinto-me mais seguro, pois sei que se acontecer alguma coisa, ela cuida de mim...

     - Você veio com sua esposa?

     - Sim, ela está na sala de espera... Sem ela, eu não chegaria aqui, tenho certeza.

     - Parece que você já sabe o que tem – afirmei.

     - O meu amigo, que o senhor tratou, disse-me que é síndrome do pânico. Ele me falou que sentia as mesmas coisas que estou sentindo e que com o tratamento ficou completamente curado...

 

     A síndrome do pânico felizmente tem uma boa resposta ao tratamento medicamentoso, que deve ser iniciado o mais precocemente possível. Se, juntamente, faz-se a psicoterapia, as possibilidades de recorrência tornam-se mínimas.

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*Nomes fictícios