Osasco / SP - quarta-feira, 01 de maio de 2024

Higiene mental

 

     Linus* entrou em meu consultório acompanhado dos pais e da irmã. Ele se sentou e permaneceu quieto, olhar vago. Os pais disseram que o filho havia se formado engenheiro pela USP e, em seguida, sem qualquer interrupção, fez um curso de pós-graduação e defendeu tese de doutorado. Logo depois da defesa da tese, passou a se comportar de maneira estranha. Ora ficava pensativo e sem se comunicar, ora se agitava gritando que o ameaçavam de morte. Dizia ouvir vozes que vinham do alto e que o impediam de dormir. Durante a consulta, os familiares informaram que Linus estudava praticamente dia e noite e pouco saía para se divertir.

     Linus fora recompensado na área acadêmica, mas adquiriu um transtorno mental. Este transtorno poderia ter sido prevenido se ele se divertisse mais com os amigos? Se praticasse regularmente algum esporte? Se deixasse os fins de semana para lazer? Se tivesse mais contato com os pais e a irmã? Sem dúvida que ele teria muitos ganhos com estas atitudes de higiene mental, com certeza uma melhor qualidade de vida, talvez sem o advento da doença.

     As doenças em geral, e as mentais em particular, são condicionadas por fatores herdados (constituição do indivíduo), ambientais (estímulos agressivos como, por exemplo, a poluição, a violência urbana) e psicológicos (destacando-se os conflitos familiares, as perdas de entes queridos). O estresse – situação de sobrecarga física e mental do organismo – pode tornar o indivíduo mais vulnerável à atuação de qualquer desses fatores predisponentes e desencadear a doença. Daí a importância da redução dos níveis de estresse na prevenção da doença, para o que contribui a distribuição equilibrada do tempo entre o estudo ou o trabalho e as diversas atividades recreativas.

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*Nome fictício